sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

EX-BRAVEJANDO: Heterônimos

Quantas mairas habitam em mim?
Muitas desapareceram, outras se diluíram e formaram uma terceira, mas ainda assim são várias.
Eu quero todas, eu preciso de todas, seria mais fácil se fossem unas, se andassem em harmonia, se entendessem as prioridades do momento.
Mas não, elas se revelam cada vez mais selvagens, mais urgentes, querem a prioridade, querem existir como necessidade.
Talvez a última Maira precise ser a mediadora de todas as outras, para que elas não se matem, não se sufoquem, não se percam.
Mediar minhas necessidades, tá se tornando difícil, por que minhas urgências vieram a tona, preciso da vida como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes, como disse F. Pessoa.
Eu quero ser todas ao mesmo tempo, e as vezes tudo o que consigo é ficar parada olhando para todas elas, que gritam comigo exigindo suas necessidades satisfeitas.
Minha tarefa agora é fazer elas se entenderem, serem marinheiras de um mesmo navio.
Por que o destino é um só para todas.
Enquanto uma olha as estrelas, outra dirige o barco, outra limpa o convés, outra prepara a comida.
Minhas mairas precisam aprender a generosidade de ceder espaço para que o barco não afunde.
Só assim todas estão salvas.

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