sábado, 9 de abril de 2011

CINEMA: Cisne Negro




Infelizmente esse texto sai muito depois do que eu gostaria, por vários motivos, entre eles o fato de não ter conseguido ir antes a uma sala de cinema mais perto de mim. E depois que finalmente consegui assistir, fiquei refletindo durante séculos e séculos se ainda valeria a pena escrever algo quando muito já se falou e o fator Oscar já estava consumado. Mas lendo o que estava circulando, resolvi que sim, colocaria minha opinião na rede. E lá vai:

O filme é do diretor Darren Aronofsky que, antes de Cisne Negro, dirigiu “Pi”, “Réquiem para um sonho” e “O lutador”, não sei se exatamente nessa ordem. Não vi os outros filmes dele, mas pretendo, só para ter certeza de algumas coisas. Dizem por ai que ele gosta de explorar o lado psicológico dos filmes. Sei não, sei não.

Então Cisne Negro conta a história de Nina, uma bailarina que depois de muita dedicação e de abdicar da vida pessoal, recebe o papel principal do balé O Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky, interpretando a Rainha Cisne. O dilema de Nina surge quando o diretor do balé elogia sua atuação como cisne branco, porém, rejeita definitivamente sua interpretação do cisne negro, por não trazer a sensualidade e a intensidade necessária ao papel. Assim, a pobre Nina entra em uma espiral de conflitos internos, onde reavalia sua postura diante da vida, de sua sexualidade, da super proteção da mãe, entre outras coisas.

Ok. Até aí temos uma boa idéia. Realmente. Acho que o filme tinha muito potencial. Mas o roteiro deixou muito a desejar. Na minha opinião o texto não flui, não desenvolve. Principalmente nas falas do diretor do balé ao referir-se a sexualidade de Nina, forçado demais. E esse foi outro ponto que tinha potencial, mas foi mal explorado. “Vá pra casa e se masturbe”? Sério? Preguiça de pensar em algo mais elaborado?

Não, e esse papo de “suspense psicológico”? Nem sei onde está o problema. Primeiro porque quando se fala de suspense parte-se do pressuposto de que você pretende surpreender o espectador. E não é o que acontece, pois todo o conflito de Nina é revelado cena a cena, sempre evidenciando que as coisas não são reais. Ou seja, no inicio do filme você já entende o que está acontecendo com a atormentada bailarina.

Talvez o problema de Arnofsky seja o tempo em que ele produziu o filme, pois em 2011, não há lugar para o seu Cisne Negro. Não quando filmes como “O Clube da Luta” e “Cidade dos Sonhos” existem e mostram ao público possibilidades absurdas de tratar o tema, só para citar os que vieram primeiro a cabeça. Mas talvez o Cisne Negro tenha algo de suspense psicológico, mas em uma relação meta cinematográfica, onde o ponto de discussão passa a ser: o que acontece na mente de Arnofsky?

Pior que isso só a idéia, nada poética, da pobre Nina virando um cisne! Sério, existe algo chamado metáfora que já caiu no conhecimento popular! É sofrível as cenas em que ela tira a pena das costas, ou que sua pele ganha o tônus do bicho. O que me pareceu, para não dizer “simplista” e parecer vaga, é que faltou imaginação.

Pior que isso 2: Sim, ele recorre a idéia do duplo! Santo Deus! Acho que Borges deu um duplo mortal carpado na tumba!

Sinto muito, mas não gostei. E sinto muito de verdade, porque acho que o filme tinha potencial. A idéia do paralelo entre a história de Nina e a história do próprio Lago dos Cisnes é muito boa, possibilitaria mil possibilidades narrativas. Inclusive o caminho escolhido por ele é interessante, o conflito de forças antagônicas presentes no ser humano é algo universal, que todos enfrentamos.

Pronto falei!

Nenhum comentário:

Postar um comentário